O Beijo
No inicio estava só. A praça era minha, era o destaque no frontão do saber, seu legitimo representante: “o intelectual”, aquele que domina e age pela razão. Não sei como aconteceu, acho que foi naquele bucólico entardecer, quando o sol se põe de forma lenta e discreto, prorrogando ao máximo sua partida. Os pássaros estavam em festa, anunciavam o jubilo de mais uma tarde única. Tudo agradava: os cruzamentos que circundavam a nossa praça pareciam mais harmoniosos; as arvores conversavam entre si, animadas pela brisa que as provocava, os prédios formavam, entre o nosso cantinho, um vale intimo. Era final de tarde, envolvida pelo silencio, marcando a pausa, todos se moviam com lentidão, imperava o sossego, a paz tomava conta daquela praça, jamais houvera um momento como este. Estava distraído quando ele apareceu, era alto, esguio, impávido, seu semblante era terno, calmo, inspirava confiança, parecia se prender no horizonte como se esperasse o inicio de algo grandioso, pacientemente esp