Ao refletirmos sobre a tecnologia, na maioria das vezes guiados pelo senso comum, nos deixamos levar por sua utilidade e/ou instrumentalidade, imputando-a como neutra, na oscilação crítica que pode tanto favorecer o bem-estar quanto o ameaçar e destruir. Isso ocorre com a tecnologia nuclear, por exemplo, cujos benefícios encontramos nos aparelhos de diagnóstico médico ou no abastecimento alternativo de energia “limpa” para residências e indústrias. Entretanto, este tema esta muito alem destes aspectos cotidianos. Este livro pretende descortinar a tecnologia, apresentando-a como um modo de saber fazer logístico que prende, enfeitiça, ofusca e deslumbra o homem de tal modo que o leva a acreditar no pensamento que calcula como o único pensamento a ser admitido e exercido. Esta reflexão parte da questão da técnica, com Martin Heidegger retomando os gregos antigos, cuja atuação no mundo era inserida na poíesis, ou seja, na criação. No caminhar da humanidade, o modo de saber fazer paulatinamente tomou outro rumo, configurando-se como um grande perigo. Como saída deste cenário devastador e ameaçador da tecnologia, esta obra reflete sobre a importância da educação como oportunidade de não nos deixarmos ser dominados e de superarmos essa condição humana, fazendo-nos olhar a tecnologia pela ótica da arte, e a arte pela ótica da vida. Para tanto, A tecnologia acima do bem e do mal recorre ao pensamento inspirador do filósofo alemão Friedrich Wilhelm Fietzsche. Distanciando-se dos aspectos de usabilidade e instrumentalidade da tecnologia, a obra procura oportunizar a reflexão da problematização do caráter do domínio ilimitado da tecnologia, desse modo de saber fazer logístico que, cada vez mais presente em nosso cotidiano, coloca-se de forma hostil e provocadora, instaurando condições ameaçadoras para a maneira de pensarmos, agirmos e sentirmos.
Acesso liberado da primeira parte: A Tecnologia Acima do Bem e do Mal
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