O Fundão
Em boa parte de minha infância o meu “quintal” foi a praia, esta presente em mim o fascínio pelo mar, mas não era só o mar era o conjunto: o vento, o aroma, a areia, o sol, o colorido, o encontro das águas; são tantos os elementos entretanto todos se fundem no mar.
Ao chegar a praia e prestes a começar a corrida em sua direção, era inevitável ouvir a expressão: “não vai no fundão”, eu não escutava. Fundão? porque não fundo, porque não dizer: fique no rasinho? creio que era para atemorizar, “não vá no Fundão” pode parecer mais apavorante e talvez (pensava eu) era essa a idéia, quem sabe no susto ou no provocar o medo, o efeito seria o de coibir qualquer tipo de iniciativa. Esta frase parece que passava por mim, e se algo dela ficasse aderente, tinha como resultado justamente o contrario, eu queria sentir o fundão, parece que lá encontrava “a contradição pesado/leve como a mais misteriosa e mais ambígua de todas as contradições”, sentia o flutuar, o limite, a força do instinto de se alto preservar e perceber que um pouquinho mais e me veria em sérios apuros. Não demorava. Era o tempo suficiente para que o meu espírito se inundasse com o momento, guardo-os até hoje.
Ao chegar a praia e prestes a começar a corrida em sua direção, era inevitável ouvir a expressão: “não vai no fundão”, eu não escutava. Fundão? porque não fundo, porque não dizer: fique no rasinho? creio que era para atemorizar, “não vá no Fundão” pode parecer mais apavorante e talvez (pensava eu) era essa a idéia, quem sabe no susto ou no provocar o medo, o efeito seria o de coibir qualquer tipo de iniciativa. Esta frase parece que passava por mim, e se algo dela ficasse aderente, tinha como resultado justamente o contrario, eu queria sentir o fundão, parece que lá encontrava “a contradição pesado/leve como a mais misteriosa e mais ambígua de todas as contradições”, sentia o flutuar, o limite, a força do instinto de se alto preservar e perceber que um pouquinho mais e me veria em sérios apuros. Não demorava. Era o tempo suficiente para que o meu espírito se inundasse com o momento, guardo-os até hoje.
Eu e minha prancha, de madeira surrada de tanto retornar do Fundão ao rasinho, onde ficava em paz, largado, deixando as ondas decidirem a melhor posição, só eu e o mar, das ondas grandes às suaves, da calma, que cantam ao chegar na areia, e mal chegam retornam se encontrando com as que vem, quanta espuma, quantas bolinhas, o tempo parava, era eu e o mar, o Fundão agora era passado, ele ajudou o coração a bater mais forte para que pudesse contemplar a paz das ondinhas que chegavam na areia, e lá ficava porque este é lugar que elegi. Como eu gostava (e gosto) do Fundão!
by José Rubens Salles Toledo
Comentários
Adorei!!!
Zélia